No universo da linguagem figurada, as figuras de linguagem desempenham um papel essencial na construção de sentidos mais ricos, expressivos e criativos. Entre elas, duas que frequentemente geram dúvidas, especialmente entre estudantes e escritores iniciantes, são a comparação e o símile. Embora sejam muito parecidas — e, em alguns contextos, tratadas como sinônimos — essas duas figuras possuem diferenças sutis, mas importantes, que merecem ser compreendidas com profundidade.
Neste post, vamos explorar essas duas figuras, entender o que as caracteriza, em que se aproximam, onde diferem, como usá-las de maneira eficaz e por que essa distinção pode ser relevante, especialmente no campo da literatura, da redação e da comunicação criativa.
ATENÇÃO! VOCÊ PRECISA LER ESSES TÓPICOS PARA ENTENDER A ESTRUTURA
- O QUE SÃO FIGURAS DE LINGUAGEM?
- FIGURAS DE PALAVRAS OU SEMÂNTICAS
- FIGURAS DE PENSAMENTO OU SENTIDO
- FIGURAS DE SINTAXE OU CONSTRUÇÃO
- FIGURAS DE SOM OU HARMONIA
- FIGURAS DE REPETIÇÃO
O que são figuras de linguagem?
Antes de entrar diretamente na comparação entre comparação e símile, vale recapitular rapidamente o que são figuras de linguagem.
As figuras de linguagem são recursos estilísticos usados na linguagem oral e escrita para criar efeitos expressivos, enfatizar ideias, provocar emoções ou tornar a comunicação mais rica e interessante. Elas não seguem a linguagem literal, mas sim um uso mais criativo das palavras.
As figuras de linguagem se dividem em diversas categorias, como:
- Figuras de palavras (ou tropos), como metáfora, metonímia e catacrese.
- Figuras de pensamento, como hipérbole, ironia e eufemismo.
- Figuras de som, como aliteração e assonância.
- Figuras de construção ou sintaxe, como elipse e anacoluto.
Tanto a comparação quanto o símile pertencem ao grupo das figuras de palavras, pois envolvem um jogo de significados entre termos diferentes.
O que é a comparação?
A comparação é uma figura de linguagem que estabelece uma relação explícita de semelhança entre dois elementos, geralmente por meio de um termo comparativo — como “como”, “tal qual”, “assim como”, “parecido com”, entre outros.
Exemplo de comparação:
Ela é rápida como um raio.
Nesse exemplo, a comparação é clara: está sendo feita entre a velocidade da menina e a de um raio. O termo “como” deixa explícita essa relação de semelhança.
Outros exemplos:
- “Ele é forte como um touro.”
- “O céu estava vermelho tal qual uma fogueira.”
- “O menino corre feito um cavalo solto.”
Em todos os exemplos, há dois elementos comparados e um conectivo comparativo que torna essa relação direta e evidente.
O que é o símile?
A palavra símile vem do latim similis, que significa “semelhante”. Em muitos manuais de linguagem, especialmente de tradição anglo-saxônica, símile é tratado como sinônimo de comparação.
No entanto, na tradição brasileira e de alguns estudos de estilística e semiótica, há uma distinção sutil entre símile e comparação, apesar de ambos envolverem a ideia de semelhança entre dois elementos.
O símile também é uma forma de comparação, mas tem um grau mais subjetivo, criativo ou poético, e muitas vezes é usado com o objetivo de provocar um efeito mais expressivo ou estético.
Exemplo de símile:
Ela dançava como se fosse uma folha levada pelo vento.
Perceba que, aqui, a construção é mais elaborada, quase poética. Não é uma simples comparação direta, mas sim uma imagem que evoca uma cena, uma sensação.
Diferenças entre comparação e símile
A linha que separa comparação e símile é tênue, e muitos linguistas consideram que elas são, essencialmente, a mesma figura com níveis diferentes de sofisticação ou intenção expressiva. Mas, para fins didáticos, podemos destacar as seguintes diferenças:
Aspecto | Comparação | Símile |
---|---|---|
Grau de literalidade | Mais direta, objetiva e literal | Mais subjetiva, expressiva ou poética |
Finalidade | Destacar uma semelhança evidente | Criar uma imagem sensorial ou emotiva |
Estrutura | Curta e direta (ex: “forte como…”) | Mais elaborada (ex: “como se fosse…”) |
Uso comum | Textos técnicos, redações formais | Poesia, literatura, música |
Tom | Informativo | Imaginativo ou emotivo |
Um exemplo comparativo
Vamos pegar o mesmo tema e criar uma frase com comparação e outra com símile:

Note que ambas as frases comunicam a ideia de bravura. Mas a primeira é mais direta, enquanto a segunda é mais evocativa, sensorial e rica em imagens.
E a metáfora, entra onde?
Uma dúvida comum que surge quando falamos de comparação e símile é: “Qual a diferença entre isso e a metáfora?”
A metáfora também estabelece uma relação de semelhança entre elementos, mas de forma implícita, ou seja, sem usar conectivos comparativos. A metáfora é mais ousada: ela afirma que uma coisa É outra, mesmo que isso não seja literalmente verdade.
Exemplos:
- Comparação: “Ele é frio como gelo.”
- Metáfora: “Ele é um gelo.”
Na metáfora, há uma fusão entre os dois elementos; já na comparação e no símile, a separação continua evidente.
Onde é mais comum usar símiles?
O uso de símiles é extremamente frequente na:
- Literatura: Romances, contos, poesias.
- Música: Letras de músicas populares e eruditas.
- Cinema e roteiros: Descrições de cenas, diálogos impactantes.
- Discursos e oratória: Recursos para emocionar e envolver o público.
Veja esse exemplo do poeta brasileiro Manuel Bandeira:
“A vida é como um ônibus que passa / E você, se não correr, perde.”
Aqui, o símile é usado como metáfora ampliada — é uma comparação, mas com efeito mais estético e emocional.
Por que entender essa diferença é importante?
Você pode estar se perguntando: “Se os dois são tão parecidos, por que importa saber a diferença?”
A resposta depende do contexto em que você escreve ou ensina. Eis algumas situações em que essa distinção é relevante:
- Para professores e alunos: Em exames, como o Enem ou concursos, é comum que questões de interpretação peçam a identificação de figuras de linguagem com precisão.
- Para escritores e poetas: Saber diferenciar uma construção simples de uma mais elaborada ajuda a escolher o tom e o estilo certos.
- Para redatores e publicitários: Ao escrever textos criativos, slogans e campanhas, entender o efeito que uma comparação direta ou um símile poético pode gerar é essencial para persuadir e emocionar.
Dicas para identificar cada uma
Como identificar uma comparação:
- Há um conectivo comparativo claro: como, tal qual, feito, igual a.
- O objetivo é informar ou destacar uma característica.
- A frase tende a ser mais objetiva.
Como identificar um símile:
- Também há conectivos comparativos, mas a estrutura pode ser mais longa e artística.
- O objetivo é evocar imagens ou sentimentos.
- A frase parece mais próxima da poesia do que da prosa comum.
Conclusão
A comparação e o símile são, sim, figuras irmãs. Ambas apontam semelhanças entre elementos distintos, usando conectivos que tornam essa relação clara. No entanto, enquanto a comparação tende a ser mais direta, objetiva e funcional, o símile se destaca por sua função estética e expressiva, sendo mais comum em contextos artísticos.
Saber quando usar cada uma — ou como transformar uma comparação simples em um símile envolvente — é uma habilidade poderosa para quem escreve, ensina ou simplesmente deseja se expressar melhor.
Seja em uma redação escolar, em um poema romântico ou em um anúncio publicitário, usar essas figuras com intenção e sensibilidade pode transformar o comum em extraordinário.
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